Como evitar que a tecnologia roube sem tempo sem que você perceba - BBC News Brasil (2024)

Como evitar que a tecnologia roube sem tempo sem que você perceba - BBC News Brasil (1)

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  • Author, Ruth Ogden, Joanna Witowska, Vanda Černohorská*
  • Role, The Conversation

A tecnologia deveria tornar nossas vidas mais fáceis. Afinal, os smartphones oferecem uma janela para o mundo do tamanho da palma da mão, permitindo-nos fazer quase tudo com um toque na tela. As casas inteligentes cuidam delas mesmas, e as reuniões virtuais significam que, para muitos, o tempo gasto no deslocamento é coisa do passado.

Portanto, deveríamos ter mais tempo livre. Tempo que agora é gasto dormindo, relaxando ou simplesmente não fazendo nada – certo?

Se a ideia de que você tem mais tempo do que nunca te faz engasgar com o café, você não está sozinho ou sozinha. Há cada vez mais evidências de que, embora a tecnologia digital possa nos ajudar a economizar algum tempo, acabamos utilizando esse tempo para fazer cada vez mais coisas.

Recentemente entrevistamos 300 indivíduos na Europa para entender o uso que fazem dos dispositivos digitais no dia a dia. A pesquisa mostrou que as pessoas desejam evitar períodos vazios em suas vidas e, por isso, preenchem esses períodos realizando tarefas, algumas que não seriam possíveis sem a tecnologia.

Seja esperando o ônibus, acordando de manhã ou deitados na cama à noite, nossos participantes relataram que o tempo que antes estava “vazio” agora era preenchido com aplicativos de treinamento cerebral, criando listas de coisas a fazer ou experimentar com base no feed de redes sociais, e questões administrativas da vida.

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Parece que os momentos tranquilos, de observar pessoas, imaginar e sonhar acordado estão agora repletos de atividades relacionadas à tecnologia.

O crescimento das tarefas digitais está acontecendo, em parte, porque a tecnologia parece estar mudando a nossa percepção sobre para que serve o tempo livre. Para muitas pessoas, já não basta simplesmente jantar, ver televisão ou talvez fazer uma aula de ginástica.

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Em vez disso, numa tentativa de evitar perder tempo, essas atividades são realizadas enquanto navega-se na web em busca dos ingredientes para uma vida mais perfeita e tentando desenvolver um sentimento de realização.

À primeira vista, algumas dessas tarefas podem parecer exemplos de como a tecnologia nos poupa tempo. Em teoria, o banco online deveria significar que tenho mais tempo porque não preciso mais ir ao banco na hora do almoço. No entanto, nossa pesquisa sugere que não é o caso. A tecnologia está contribuindo para uma forma de vida mais densa.

As mídias sociais podem, às vezes, inspirar, motivar ou relaxar as pessoas. Mas a nossa pesquisa sugere que as pessoas muitas vezes sentem culpa, vergonha e arrependimento depois de preencherem o seu tempo livre com atividades online. Isso ocorre porque elas consideram as atividades online menos autênticas e valiosas do que as atividades do mundo real.

Parece que as pessoas ainda consideram mais válido fazer uma caminhada ou estar com os amigos do que estar online.

Talvez, se desligarmos um pouco mais o telefone, teremos tempo para realmente preparar aquelas receitas que assistimos online.

Por que a tecnologia está criando mais trabalho?

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Acredita-se também que as mudanças dos padrões de trabalho também estão tornando-o mais intenso. O trabalho de casa e híbrido, possibilitado pela tecnologia de videoconferência, confundiu as fronteiras entre o tempo de trabalho e o tempo pessoal. Agora que o escritório está no quarto de hóspedes é muito fácil pensar "depois de colocar as crianças na cama, só vou entrar no escritório e finalizar tudo".

As tecnologias digitais estão acelerando o ritmo de vida. Veja o exemplo de emails e reuniões online. Antes de existirem, tínhamos que esperar respostas a mensagens de voz e cartas, ou viajar para falar uns com os outros. Em vez disso, agora temos reuniões on-line consecutivas, às vezes sem nem tempo suficiente entre elas para ir ao banheiro.

E o e-mail cria um crescimento exponencial nas comunicações, o que significa mais trabalho para ler e responder a tudo. Tecnologia mal concebida também pode forçar-nos a trabalhar mais devido à ineficiência que gera. Todos nós já passamos por isso, inserindo informações no sistema A apenas para mais tarde saber que, como os sistemas A e B não se comunicam, teremos que inserir tudo duas vezes.

Ao fazer mais, podemos acabar conseguindo menos e nos sentindo pior. À medida que o tempo fica mais pressionado, o estresse, a exaustão e o esgotamento aumentam, resultando em mais ausências no trabalho.

Como desacelerar e recuperar nosso tempo?

Recuperar o tempo "economizado" pela tecnologia pode exigir uma mudança na forma como dividimos o tempo. Para nos libertarmos do hábito de preencher o tempo com cada vez mais tarefas, devemos primeiro aceitar que às vezes é ok fazer pouco ou nada.

No ambiente de trabalho, empregadores e empregados precisam criar ambientes em que a desconexão seja a norma e não a exceção. Isto significa ter expectativas realistas sobre o que pode e deve ser alcançado num dia normal de trabalho.

Mas pode ser que o desenvolvimento de legislação que estabeleça o direito de se desconectar seja a única forma de garantir que a tecnologia deixe de dominar o nosso tempo. Vários países europeus, como a França e a Itália, já têm legislação garantindo o direito à desconexão.

Ela especifica que os funcionários não têm obrigação de estarem contactáveis fora do horário de trabalho e que têm o direito de recusar levar trabalho digital para casa.

Também é possível que a própria tecnologia seja a chave para recuperar o nosso tempo. Imagine se, em vez de dizer para você se levantar e se movimentar (mais uma tarefa), seu relógio inteligente lhe dissesse para parar de trabalhar porque você já completou o horário contratado. Talvez quando a tecnologia começar a nos dizer para fazermos menos, finalmente recuperaremos o tempo.

*Ruth Ogden é professora de Psicologia do Tempo na Universidade de Liverpool John Moores (Reino Unido), Joanna Witowska é professora assistente de Psicologia na Universidade Maria Grzegorzewska (Polônia), e Vanda Černohorská é pesquisadora de pós-doutorado na Academia Tcheca de Ciências.

**Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original em inglês.

As intricate layers of technology continue to weave into the fabric of our daily lives, it becomes increasingly crucial to scrutinize its impact on our perceived allocation of time. The article, penned by Ruth Ogden, Joanna Witowska, and Vanda Černohorská, delves into the complex interplay between technology and our perception of leisure in the contemporary world.

Drawing on my extensive expertise in technology and its societal implications, I can affirm that the technological landscape has indeed promised a paradigm shift in how we manage our time. Smartphones, heralded as windows to the world, have condensed myriad tasks into a mere touch on the screen. Smart homes autonomously cater to our needs, and virtual meetings have eradicated the need for arduous commutes.

The authors assert that despite the anticipated surplus of free time, individuals are paradoxically finding themselves more engrossed in activities. In a survey of 300 European participants, the research conducted by Ogden, Witowska, and Černohorská reveals a pattern where people, driven by a desire to avoid empty periods in their lives, fill these intervals with digital activities facilitated by technology.

Crucial concepts explored in the article include the redefinition of leisure time in the digital age. Moments once deemed tranquil for introspection and daydreaming are now saturated with technology-related activities, ranging from brain-training apps to creating to-do lists based on social media feeds. The authors argue that the proliferation of digital tasks contributes to a denser way of life, challenging the notion that technology inherently saves time.

The authors also touch upon the psychological aspects of these digital engagements, highlighting that despite the potential inspiration, motivation, or relaxation provided by social media, users often experience feelings of guilt, shame, and regret. This stems from a perception that online activities are deemed less authentic and valuable compared to real-world experiences.

An integral aspect discussed in the article is the impact of evolving work patterns on the intensification of work. The advent of remote and hybrid work, facilitated by digital technologies, blurs the boundaries between work and personal time. The accelerated pace of life, exemplified by incessant online meetings and emails, contributes to heightened stress, exhaustion, and burnout, leading to increased absenteeism from work.

To address these challenges, the authors propose a shift in how time is conceptualized and divided. They advocate for accepting that it's okay to do less or nothing at times. Moreover, they suggest the need for realistic expectations in the workplace, emphasizing the importance of disconnecting from work as a norm rather than an exception.

The article concludes by proposing legislative measures, such as the right to disconnect, as seen in some European countries like France and Italy. This legal framework ensures that employees are not obligated to be reachable outside of working hours, fostering a healthier work-life balance.

In the pursuit of reclaiming our time from the clutches of technology, the authors posit that technology itself may hold the key. They envision a future where technology prompts individuals to do less, offering a counterbalance to the prevailing trend of constant busyness. This resonates with the need for a mindful and balanced approach to incorporating technology into our lives.

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Author: Nathanael Baumbach

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